Olha demoradamente as rosas que te ofereço...

Poderão ser as últimas.

Mas enquanto existem, existimos nelas,

Puro símbolo da nossa verdade,

Ainda que ela mude alheia á nossa vontade...

Mas aproveitemos enquanto são belas,

E tu mais do que mereço.

E se e quando o fim chegar

Como passagem natural das coisas,

Será triste porque passou se o quisermos,

Ou felizes lembranças pelo que passou.

E essas memórias, pensamentos eternos,

Darão sentido ao que sabemos que acabou,

Como sabíamos desde o primeiro respirar.

E se sentires depois uma lágrima de revolta,

Que te corre triste pela alma

Por não ter em ti outro lugar,

Lembra-te da razão de tudo, e que tudo tem o seu sentido assim.

E se não chegar, lembra-te então de mim,

Que fiz de ti minha Deusa sem altar,

Sabendo que os deuses partem sempre sem volta.