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Sozinho escrevo, inconsciente do que passou antes de mim,
De toda a felicidade e infelicidade do mundo,
E do inexistente que existe e da verdade.
O vazio aprisiona-me em mim,
Torna-se meu,
Única vida na imensidão.
Tudo o que passou antes é nada,
E nada sou para o que virá.
Guardo a tua fotografia na minha mão,
E a tua memória onde pertence.
O nada do antes em que o presente vai transfigurar
Pesa-me como lâmina equilibrada
Na linha infinitamente fina sobre mim.
E o presente nada é mais que tudo o resto de nada.
Observo a tua face cortada da palma da minha mão,
E apago os estilhaços dos outros sítios.
Não apanho os bocados, não tenho com que os colar no lugar,
Poque nunca a nenhum lugar pertenceram, e nada na vida cola.
Apenas um sem fim do nada que existe,
Porque não existe nada mais,
Em que eu os varro para debaixo do tapete
Da minha consciência,
E escondo o tapete como escondo de mim a vida.
Ah, como era poder ser!
Poder ser mais que o empréstimo a que se tem direito,
Poder dizer em vez de falar, e cada palavra significar
O que se quer dizer e não o que se fala!
E cada sonho, gesto, e pensamento,
Não ter que ser completo
Ou realizado
Ou concreto
Ou sequer pensado
Por o tempo para tal não acabar...
E o amplo dessa ideia abate-se sobre mim,
E sou asfixiado pelas estreitas cortinas do tempo.
E o funil limita cada dia que passa, e limita-se a cada mesmo,
E reduz-me a pó das estrelas, varrido para debaixo do meu tapete,
E a parcelas do que nasci.
Abro novamente a mão. Vazia.
Que escrevi há dez minutos? Não me lembro.
Que escrevi há mais que isso? Não sei, ainda que me lembre.
E o que sonho agora, não existe;
E o que vejo agora já não existiu,
E não mais, e nunca mais igual na sua inexistência,
Nem na memória com que disso fique!
Não ter nascido.
Não ter nascido e existir ainda assim,
(ou não existir mesmo, que importa para quem não nasce?)
Como lei da natureza,
Espírito errante, sem errar,
E sem sonhar, pois não há sonhos
(nem nas estrelas).
Assim sonho o que não existe,
E não existe o que sonho,
Sabendo que por o sonhar
Continuará não existindo.
E as horas que eu deito ao abandono,
Não são - também elas - nada,
Pois o tempo nunca é senão passagem entre o que será e que foi.
E nunca provarei o que sou,
Porque nunca serei nada,
E nunca provarei o que sou,
Porque do que sou não há provas,
Como a impossibilidade de se provar inocente,
Mas para a minha existência nem provas circunstanciais.
E nunca provarei o que sou,
Porque serei sempre tudo, e o tudo não tem nada que provar,
E eu não tenho alibi da existência.
Alheio ao mundo, alheio ao ser, alheio ao tempo.
Sou eu, caso seja, ou não seja, a respirar.
Alheio em mim, á minha alma, ao meu pensar.
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